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terça-feira, 22 de outubro de 2013

To let go





Desde menina que sempre que estou doente e se tenho febre fico mais atenta a tudo e muito introspectiva. Lembro-me que o meu pai me inundava a cama com livros para me distrair e entre leituras, sonhos e alucinações, passava muito tempo de olhos colados ao tecto. Ao longe a rotineira máquina de costura, marcava as horas que nunca mais passavam.
Não percebia o que estava a fazer, mas chegava muitas vezes a conclusões que me inquietavam ou me tranquilizavam. De certa forma sentia mudanças dentro de mim e sentia-me mais forte.

Não mudei muito a não ser a parte do pai que já não tenho, a máquina de costura que já não ouço. Continuo com os livros e alguma TV (para a qual não tenho pachorra) e com a mesma forma de me evadir e pensar na vida. Talvez seja a fragilidade que sinto, os tempos conturbados, as coisas que se acumulam dentro de mim e que nada mais são que lixo. Muito lixo. Quando nos ajudam a ver é melhor ainda, é uma validação uma confirmação daquilo que já sabemos, mas que duvidamos, porque nos falta força, vontade ou outra coisa qualquer. Embora racionalize e quase sempre saiba o que me preocupa e porquê, tapo o sol com a peneira e fica assim atamancado a crescer a ocupar espaço e a ser nocivo.
Obrigada ao meu benfeitor. Que o nosso amigo vento leve para bem longe esta angústia.

Sinto-me só e vazia, como sempre por culpa minha, mas os fins dão lugar a recomeços.






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